Jogo de xadrez: pesquisas mostram que sua prática estimula a memória e a concentração
9 de junho de 2010
Jogado com as mesmas regras há mais de 1.500 anos por crianças, jovens, velhos, homens, mulheres, ricos e pobres, presos e libertos, humanos e máquinas, o xadrez é o segundo esporte mais popular no mundo – só perde para o futebol. E além de ser democrático, é o esporte que possui a mais vasta literatura. Existem incontáveis livros, pinturas, gravuras, e mais de dois mil filmes contendo cenas que retratam o jogo.
Além de ser barato, esse esporte também tem trazido inúmeros benefícios educacionais. Pesquisas comprovam que sua prática pode aumentar a concentração e a memória dos alunos, entre outras melhorias.
Na década de 1980, o professor do Instituto de Educação da Universidade de Londres, Robert Ferguson, realizou um teste que consistia em que todos os 14 estudantes do 6º grau da escola rural M.J.Ryan School, da Pensilvânia, Estados Unidos, tomassem lições de xadrez duas ou três vezes por semana. Depois, Ferguson aplicou testes de memória de uma série de exames da Califórnia Achievement Tests e concluiu que a prática do jogo desenvolveu a memória dos estudantes e que essa habilidade foi transferida para a sala de aula.
Em 2004, no Brasil, foi aplicado durante três meses o ensinamento teórico e prático do jogo em 40 escolas do Piauí, Pernambuco, Minas Gerais e Mato Grosso do Sul, para uma turma de aproximadamente 6.400 alunos. O projeto foi desenvolvido pelo Ministério da Educação em parceria com o Ministério do Esporte. Ao final, identificou que os alunos que participaram da pesquisa demonstraram, principalmente, uma melhoria na capacidade de concentração em sala de aula.
Além da memória e da concentração, a prática do jogo também melhora o rendimento em matérias exatas. Para Marina Hurba Nunes, mãe da atual campeã brasileira sub-12, Agatha Hurba Nunes, o xadrez melhorou o desempenho da jogadora em matemática, matéria em que Aghata tem as melhores notas da sala.
O administrador Ricardo Alboredo, pai da atual campeã paulista sub-14, Júlia Alboredo, ressalta a independência como um dos quesitos trabalhados pelo esporte. “Com alguma frequência acontece um lance irregular durante uma partida contra um adversário muito mais velho e a Júlia precisa ter a coragem de parar o relógio, chamar o árbitro, explicar o que está acontecendo, argumentar e convencer o árbitro, olho no olho. Imagine quanta coisa ela exercita numa atitude dessas!”, comenta.
Para o bolsista do curso de Educação Física e jogador da equipe de xadrez da universidade UniSant’Anna, Robson Douglas Rocha, o xadrez é fascinante e os seus benefícios se estendem para a vida. “Sua prática proporciona não apenas ganhos em concentração, memória e criatividade, mas também o aprendizado com as derrotas e outros valores como o caráter e a educação, porque esse esporte exige isso de um jogador. Não existe aquela coisa do sexo frágil em que meninas não podem competir com meninos. Nesse sentido, todos podem competir de igual para igual”, explica.
Uma enquete realizada entre alunos da UniSant’Anna demonstrou que 35% dos entrevistados já jogaram xadrez durante a vida e cerca de 10% praticam regularmente. O resultado da enquete mostrou ainda que os homens praticam pouco mais que as mulheres.
Entre os benefícios mais importantes apontados pelos estudantes está o desenvolvimento do pensamento lógico (22%) e da concentração (18%). Em terceiro lugar, a diversão (14%). A habilidade de prever as consequências das próprias ações aparece em quarto lugar, com 13% dos votos.
Fonte: Jornal “A pauta é nossa”, da UniSant’Anna
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